China inunda o mundo com veículos elétricos baratos e Europa quer impedir isso

A presença marcante de veículos elétricos chineses no mercado europeu está gerando um intenso debate sobre concorrência e subsídios. Enquanto a Comissão Europeia pondera a possibilidade de importação de tarifas sobre esses automóveis, a China continua a expandir a sua influência na indústria automóvel global.

Nos primeiros sete meses de 2023, as remessas de veículos de nova energia da China para a União Europeia aumentaram em impressionantes 112%, seguidas por um crescimento ainda mais surpreendente de 361% desde 2021, de acordo com dados aduaneiros. Isso levanta uma questão crucial: como a China consegue oferecer veículos elétricos tão mais acessíveis em comparação com outros países, especialmente na Europa?

Bill Russo, CEO da consultoria Automobility sediada em Xangai, destaca que o país possui uma capacidade excedentária de produção de 10 milhões de veículos anualmente. Essa superprodução, aliada aos subsídios substanciais oferecidos por Pequim, resulta em veículos elétricos chineses que são, em média, cerca de 20% mais baratos do que seus equivalentes fabricados na União Europeia.

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Até 2021, estima-se que a China tenha investido aproximadamente 15 bilhões de dólares em incentivos para veículos elétricos. Esses subsídios, em vigor desde 2009, foram ampliados em junho de 2023, com um novo pacote totalizando 520 bilhões de yuans (equivalente a 72 bilhões de dólares), sendo distribuídos ao longo de quatro anos. A AlixPartners estima que, entre 2016 e 2022, a China tenha investido 57 bilhões de dólares em incentivos para veículos elétricos e híbridos.

carros létricos baratos

(Foto: Divulgação)

Essa atração não se limita apenas ao mercado doméstico. Gigantes como Tesla, BMW e Renault já estabeleceram fábricas na China, enquanto a Volkswagen firmou um acordo com a Xpeng para a produção localizada de modelos.

No entanto, o recente anúncio da Comissão Europeia de uma possível investigação sobre tarifas para conter os preços “artificialmente baixos” dos veículos elétricos chineses indica uma preocupação crescente em proteger a indústria automotiva local. Essa movimentação pode ser uma resposta ao rápido aumento na presença de veículos elétricos chineses na Europa, impulsionada por regulamentações específicas de emissões e pela perspectiva de uma futura suspensão de veículos de combustão interna.

Enquanto a Europa pondera suas ações, é essencial considerar os impactos econômicos e comerciais que tais medidas podem desencadear, especialmente em um contexto de relações comerciais cada vez mais complexas entre a UE e a China. A indústria automotiva global está em um ponto crucial, e as decisões tomadas agora moldarão o futuro dessa competição feroz entre gigantes automotivos de diferentes continentes.

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